Entrelinhas de um Julgamento!

Não é apenas Bolsonaro que está sentado diante da Justiça.
É cada um de nós.
Porque todo julgamento público carrega, em silêncio, o julgamento íntimo de um país que ainda não aprendeu a lidar com suas próprias sombras.
Há quem veja perseguição, há quem veja justiça. Há quem se esconda atrás de discursos prontos, e há quem busque enxergar, nas fissuras, a verdade que quase nunca é confortável.
Mas a verdade é que, quando uma figura de poder é julgada, a sensação não cabe só no réu. Ela reverbera em nós. Faz lembrar que democracia não é apenas o direito de escolher, mas a coragem de aceitar os limites que as escolhas trazem.
E talvez seja por isso que tudo pareça tão pesado: não é só sobre ele. É sobre o Brasil, que insiste em oscilar entre extremos, que prefere a disputa à escuta, o grito à pausa.
No fundo, o julgamento que mais importa não está acontecendo nos tribunais. Está acontecendo dentro da gente:
— Que tipo de país queremos ser?
— Que tipo de valores queremos carregar quando a cortina da história se fechar?
Talvez a maior condenação não seja a de um homem, mas a de uma nação que ainda não aprendeu a se olhar sem máscaras.